LIANE ABDALLA

Tudo começa com uma tensão. O instante em que o pigmento toca a superfície, ou quando um traço rasga o espaço em branco. Nada é controlado. O acaso dita ritmos, impõe desvios. Caminho pelo incerto. O erro deixa de ser falha: vira matéria, gesto, narrativa. Invento regras, desobedeço todas. A arte, para mim, é território de ruptura – um lugar onde o previsível não tem vez.

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Meu processo é visceral. Trabalho em estado de escuta, provocando o material a reagir. Testo, sobreponho, corro riscos. A cor não é complemento – é presença vital, pulsa como corpo. Do preto absoluto aos tons mais vibrantes, cada camada carrega tensão e memória.

 

Crio imagens como quem constrói mapas de um território

desconhecido. Pontos que vibram, linhas que se enredam, texturas que se acumulam até formar tramas densas, quase hipnóticas. Não busco respostas, nem finalizações óbvias. Minhas paisagens são ficções abertas. O olhar do outro é sempre parte do trabalho. O imprevisível, meu habitat.

 

Liane Abdalla